domingo, 25 de outubro de 2009

Ser grande ajuda| Being big helps!

A escrever a partir de Bird Island, Geórgia do Sul (Antárctica)
Writing from Bird Island, South Georgia (Antarctic)

















(Olá!!!!!!!!!!!!! diz o nosso amigo elefante marinho Mirounga leonina| Hellooooooooooooooooooooo says our dearest friend elephant seal Mirounga leonina)

Ser grande ajuda! E muito mais quando se vive na Antárctica. Todo este ambiente gelado, com a água e o ar tão frios , fez com que os animais tenham criado mecanismos de sobrevivência; os peixes têm enzimas que evitam o seu congelamento, os pinguins possuem penas tão juntas umas às outras que a água não penetra (e nunca lhes chega à pele) e até as otárias do Antárctico possuem um pêlo espesso. Mas para mim , o animal que mais me supreendeu este Inverno, foi sem dúvida o elefante marinho do Antárctico Mirounga leonina. Eles têm uma autêntica "pele dupla", seguida por espessa gordura, que os faz estar super confortáveis neste ambiente. Literalmente, eles a Antárctica é o seu Algarve!

Apesar de ter vindo à Antárctica algumas vezes, nunca tinha estado por cá entre o meio de Setembro e Dezembro. É nessa altura que os elefantes marinhos começam a voltar à Geórgia do Sul para se reproduzirem. Este ano foi a primeira vez que vi um macho elefante marinho em Bird Island. Eles são GIGANTES!!!!!! E apesar do seu tamanho, supreendeu-me a sua agilidade. Conseguem mover-se rapidamente, em 180 graus num apice. No mar, comem lulas e peixe em mergulhos, até aos 1000 metros de profundidade, que podem chegar aos 20 minutos!


























(Filhote de um elefante marinho Mirounga leonina no relax| Elephant seal Mirounga leonina pup at South Georgia taking it easy)


Quando digo GIGANTES, é no sentido de serem extraordinariamente grandes, a tal ponto de ficar de boca aberta quando os vi pela primeira vez e pensar "Incrível! Como é possível termos animais tão grandes neste nosso planeta?" Os elefantes marinhos podem chegar às 4 toneladas!!! Se pensarem que um touro tem 500 quilos, bastará multiplicar por 4. Ou seja colocar 4 touros juntos e têm uma ideia do peso de um elefante marinho macho. E um dos aspectos interessantes desta espécie, e entres os mamíferos, é o seu dimorfismo sexual. Ou seja, a diferença entre o tamanho dos machos e fêmeas é grande: os machos são consideravelmente maiores do que as fêmeas. Elas apenas chegam a pesar 900 Kg...assim temos um gigante com uma esposa 3 vezes mais pequena;)


















(Toda a família reunida| All the family together)


A sua população mundial anda por volta dos 650 000 mil, dos quais mais de metade reproduz-se e vive na Geórgia do Sul. Os elefantes marinhos demonstram elegância e nobreza, tal como os elefantes de Africa que vivem em terra. São na sua generalidade calmos e passivos, abrem os seus olhos calmamente quando ouvem um barulho diferente mas não ligam se não nos aproximar-mos muito. Podem passar semanas em terra a descansar e pouco mais. Tudo muda quando entra-se no periodo de reprodução e as hormonas começam a funcionar. Lutam por um território na praia em meados de Outubro/Novembro e aí é possível ver toda a sua ferocidade em máxima força. É incrível ver os machos gigantes a lutarem entre si para terem o seu harem de várias dezenas de fêmeas. Os seus filhotes são muito engraçados, bem pequenos....incrível, sabendo que brevemente vão ter mais de 500 kg;)))

















(Durante o periodo de reprodução é quando os elefantes marinhos Mirounga leonina machos de 4 toneladas são mais agressivos| During the breeding season is when the elephant seal Mirounga leonina bulls are more agressive)

Quem disse que ser gigante e ter uns quilos a mais não é bom;))))

Being big can help you a lot! Even more if you live in the Antarctic. Various animals have found strategies to overcome the ice cold Antarctic waters. The fish developed anti-freeze enzimes, penguins have modified feathers, highly densed placed all around the body so that it does not directly touch their skin (except in their feet, whole circulatory system is highly efficient there makes warm blood coming from the rest of the body to provide warmth to them). But personally, I find the elephant seals Mirounga leonina, with their blubber protection simply amazing! Despite I have been in the Antarctic several times, this is my first time in October. This is when the bulls of elephant seals return to breed at South Georgia. Out of the estimated 650 000 thousand elephant seals in the world, more than half live here. They are gigantic! They can weigh more than 4 tons but their females do not reach 1 ton, making them one of the mammals with higher sexual dimorphism. When breeding, the bulls are capable to being quite agressive to hold their harems. After the breeding season, they return to the calm, relaxed way of living...They are highly adapted to the Antarctic environment, making dives up to 1000 metres depth and holding their breath for 20 minutes, while feeding mostly on squid and fish. And despite being gigantic, they are very agile, very relaxed individuals, being able to move 180 degrees pretty quickly...amazing! Who said that a bit of fat is not good for you;))

domingo, 18 de outubro de 2009

O peso pesados da ciência| The BIG question

A escrever a partir de Bird Island, Geórgia do Sul (Antárctica)
Writing from Bird Island, South Georgia (Antarctic)

















(Passo a passo, a ciência avança para uma melhor compreensão do mundo...pinguim gentoo Pygoscelis papua ontem na praia de Johnson em Bird Island| Step by step, science contributes to a better understanding of the world...gentoo penguin Pygoscelis papua yesterday at Johnson Beach, Bird Island)


"Como surge aquela luzinha na nossa cabeça a levantar uma questão cientifica?" Demorou muito tempo para conseguir responder a esta dúvida. Sim, de onde surgem, e como surgem, as dúvidas que os cientistas têm? O público em geral, só lhe é possível ver um número reduzido de (bons) resultados e conclusões mas o processo de levantar as questões cientificas para chegar aqueles resultados nunca é claro, e muito menos óbvio...




















(É importante perceber que a ciência anda em várias direcções e nunca sabemos se estamos correctos até obter os resultados| Is it important to recognize that science is carried out in various directions and we never know if we are right until we get the results)


Acho que deve fascinante ser estudante, que quer seguir a via cientifica, hoje em dia. Temos todos os dias novas descobertas, a internet dá-nos acesso a milhões de dados e informações sobre há grande maioria de temas de investigação. No entanto, também deve ser intimidante. Entrar no mundo cientifico, ir às primeiras conferências, associar os nomes dos artigos cientificos às pessoas e ter coragem de ir falar com eles, apresentar os teus primeiros trabalhos em palestras, tudo isso é um desafio e que deve ser obrigatoriamente ser visto como um processo natural. Todos passamos por isso!!!

No início, como estudante Universitário, é quando somos confrontados com as primeiras dúvidas: Primeiro é perceber que decorar já não chega, é preciso perceber. Mais tarde, perceber não chega, é preciso argumentar também, definir os aspectos positivos e negativos da questão, o porquê de utilizar aquele método cientifico e não outro...ou seja, entar no mundo da ciência é questionar quase tudo. Temos de partir obrigatoriamente com umas bases cientificas básicas mas a investigação de ponta (aquela de onde surge grandes avanços cientificos) é quando percebes que estás perto do abismo do desconhecido, e não consegues ver o que está para lá do abismo, e que essas bases cientificas podem estar em causa. Mais, não sabes se os resultados vão ser bons ou maus, só saberás isso só após analisar os resultados das experiências. E é nessa altura dos estudos que finalmente questionamos "então este artigo da famosa revista NATURE estava errado? Como isso é possível?" Ser crítico e avaliar cada estudo detalhadamente, levantando questões, é fundamental para um cientista...

















(Porque será que os pinguins gentoo Pygoscelis papua dormem? ou estará apenas a descansar?| Do gentoo pinguins Pygoscelis papua sleep or is he just resting?)

Para se perceber como se faz ciência o fundamental é entrar em projectos cientificos em força, o quanto antes. Eu começei no 3 ano do curso e fez toda a diferença. Ao entrar em projectos cientificos, com a recolha de dados seguindo uma medotologia especifica, começa-se a perceber que recolhendo os dados daquela maneira vai-nos ser possível responder aquela questão. Parece simples mas não é. Só a experiência diária é a solução.

Quando se está a fazer um projecto de doutoramento, muitas das questões vêm através do supervisor. Aliás, para mim um estudante de doutoramento é aquele que tem tempo para fazer as experiências daquelas ideias que o supervisor adoraria testar mas que já não tem tempo. Assim, um estudante de doutoramento, com todo o trabalho de laboratório, e de recolha de dados no campo, adquire um número de métodos e técnicas, há medida que recolhe dados importantes para responder às questões que se tinha proposto. E tem a tese feita....


















(E quem diria que um pinguim se comporta como um cãozinho quando tem comichão?| And who would have thought that penguins behave very similar to dogs?)


O interessante é que é durante este processo que surge a luzinha da ciência: " Se estou a estudar o comportamento de tubarões quando se estão a reproduzir na Primavera, como será depois de se reproduzirem? Se as alterações climáticas afectam a dieta dos pinguins, como posso provar que isso pode dever-se não há disponibilidade de alimento mas à uma possível competição com baleias? Se utilizei a enzima X para compreender a sua relação com a digestão em peixes de água quente, como será com os peixes de água fria, ou em lagos em vez de os oceanos? Se estou a estudar a doença de Alzheimer, será melhor usar aquele gene que ainda ninguém utilizou com aquela nova técnica? " As questões levantam-se à medida que vais respondendo aquela a que te tinhas proposto. Mais, começas a perceber que as questões nunca param de surgir... depois acaba ter de prioritizar aquelas ideias que são mais importantes responder agora!

Bem vindos ao mundo da ciência...

How does a scientific question arise? It took me some time to reply to this question. Indeed, only at the University I was able to provide a reliable answer. The general public only has access to some (good) studies and conclusions but how do scientists come with the scientific questions and methods...hummm this is not straightforward. At the University, we are confronted by the first queries. You firstly realize that memorizing facts is not enough. Later on, it is necessary to understand and argument the different points of view. Getting into the world of science means questioning almost everything. Surely, it is important have in mind the basic scientific concepts but cutting edge science is when you question almost everyting...is like being close to an abyss and trying to look over it without falling. Only by applying a certain method and assessing the results, it is possible to know if you were right or wrong. Most of the scientific ideas comes while collecting process of the data to answer previous questions...indeed, the start of a scientific career (like PhD) comes from questions created by the supervisor...and the questions will never stop...welcome to the world of science!!!

domingo, 11 de outubro de 2009

O Sol| The Sun

A escrever a partir de Bird Island, Geórgia do Sul (Antárctica)
Writing from Bird Island, South Georgia (Antarctic)

















(Todos gostamos do sol. Pinguins gentoo Pygoscelis papua na sua casa ao sol| Everyone loves the sun. Gentoo penguins Pygoscelis papua at home in the sun)


O sol, o sol, o sol...estou sempre a falar do sol. De certeza que os nossos genes portugueses têm registado a sua importãncia no meio das citosinas, timinas, adeninas e guaninas do nosso ADN. Quantas vezes fomos apanhados a falar dele quando chove por mais de um dia? E quando ele brilha....algo dentro de nós, na nossa essência, fica melhor...a nossa alma sorri tal como rever um bom velho amigo a dizer "olá!! sempre bom ver-te novamente!"! Mas é assim tão importante? Possivelmente não é preciso ir para a Antárctica para perceber isso...ou talvez até é!

















(Otária do Antárctico Arctocephalus gazella a deliciar-se na neve ao sol| Antarctic fur seal Arctocephalus gazella lying in the sun on a snowy beach)


Por todo o mundo, Portugal é conhecido pelo seu bom clima. E acreditem, é verdade. Sim, chove mas o bom tempo é parte do quotidiano. No Algarve, por exemplo, é quase todo o ano e os adoráveis residentes "portugo-estrangeiros" o sabem. O sol, está sempre quase presente, e mesmo que chova, ele aparece quase sempre no mesmo dia. O valor a que damos ao nosso clima deve-se a felizmente termos uma alegre sazonalidade. Percebemos (pelo menos, por enquanto) quando começa a Primavera e progressivamente notamos o calor a convidarmos para uns mergulhos no Verão, o início da escola com as primeiras chuvas e aqueles adoráveis dias de Inverno a ver chover lá fora e nós no quentinho...mas em todo o ano, quando o Sol aparece, faz toda a diferença no dia...

























(Num dia de sol ameno parece estarmos numa ilha tropical, se não fosse os albatrozes de cabeça cinzenta Thalassarche chrysostoma a dizer-nos que estamos no Antárctico| In a sunny warm day it seems that we are in a tropical island...if the grey-headed albatrosses Thassarche chrysostoma were not in the photo...)

E nota-se em todos os sorrisos de toda a gente, quando o sol volta depois de um dia cinzento...em Inglaterra é tão obvio. Passa-se dias, e até semanas, sem ver o ver. Cheguei ao ponto de não ligar ao tempo. Ligava o automático (e ainda faço isto quando estou em Inglaterra) e pronto: duche, vestir, pequeno almoço, pegar na bicicleta, atravessar Cambridge e chegar ao instituto quase (sempre) ensopado da tanta chuva.




















(Cambridge num dia de sol|Cambridge on a sunny day)


E como tinha como referência o bom sol português, para mim se chove-se significava jogo de futebol cancelado. No primeiro jogo em Inglaterra não apareci pois logicamente estava a chover; "jogo cancelado", pensei eu. Na Segunda-feira seguinte os amigos todos a perguntar se eu estava bem e a questionarem-me porque não tinha aparecido. Resposta deles após a minha justificação com um sorriso : "José, se os jogos fossem cancelados quando chovesse, não haveria campeonato que terminasse em Inglaterra:))))". E assim, conhecei a perceber que, esteja a chover ou não, a vida continua...mesmo que seja a jogar à bola à chuva!


















(Para mim jogar futebol a chover era como convidar alguém a dar um mergulho nestas águas| Playing football in a rainy would be as ridiculous as inviting anyone to go for a swim in these pancake ice waters in your small swimming suit)


Nos dias de sol Inglaterra, particularmente nos dias quentes de Verão, é algo que deve ser registado. Toda a gente põe uma T-shirt de Verão, protector solar, tudo para um bom piquenique e todos para o parque ou junto ao rio para aproveitar ao máximo o sol. E os parques ficam a transbordar de pessoas, como houvesse um concerto de música...tão bom esses dias de Verão!


Aqui, na Antárctica, o sol também aparece mas não sempre como as fotos fazem parecer. As fotografias que tiro são sempre obtidas quando existe boa luz mas pode dar uma ideia contraditória sobre o clima. Em Bird Island, as estatísticas dizem que temos 10 dias de sol por ano, o que não acredito. Temos muitos mais dias de sol, diria pelo menos 1 dia por semana vemos o sol e dá-nos para sobreviver até à próxima semana. E tal como em Inglaterra, se há sol toda a gente quer aproveitá-lo e nota-se uma sensação de excitação no ar: nós, os cientistas, estamos felizes, as focas estão felizes, os albatrozes ainda mais alegres, os pinguins a fazer mais festa do que o costume. E foi aqui que dei ainda mais valor ao sol.

















(Elefante marinho Mirounga leonina a relaxar ao sol| Southern elephant seal Mirounga leonina lying in the sun)

Por alguma razão se diz que o sol é uma das fontes necessárias para a vida...mas para lhe dar o valor que merece é preciso que tenhamos também uns dias de chuva;) Assim, tento aproveitar todos os dias na Antárctica, com chuva ou neve (é tao bom sentir as gotas de água, ou flocos de neve, a bater-nos levemente na cara), nublado ou nevoeiro,... e principalmente, todos os magníficos dias de sol.

Sun, sun, sun...we are always talking about the sun. Surely our genes must have some encryption of its importance in our DNA. How many times have we been caught talking about the weather? And when the sun shines, it has such an effect on us! In UK, it rains a lot but when the sun comes through the clouds everyone get their Summer clothes, a nice drink from the closest Pub and go directly to the park. It took me some adaption to english weather. For me playing football with friends in rainy days was out of the question until it was clear that life should carry on, on rainy or sunny days. In the Antarctic, the same applies. Being cloudy, rainy, foggy or any other type of less inviting weather to go outside, it does not matter. There is work to be done...but on sunny days, something inside us clicks to remind us. When it is sunny, the Antarctic is simply even more special. On those days, far more than the 10 sunny days per year mentioned by the statistics for Bird Island, everyone is happy: the scientists, the fur seals are more friendly, the penguins seem to be in a party mood and the albatrosses even more excited. For some reason, it is said that the sun is essential for life...I say it is essential for your mood in the morning too;) For us to give it the importance it deserves, we also need rainy, cloudy days in our lives. Indeed, I realized that the secret is to enjoy each day as it comes, cloudy or foggy, snowy or pouring down with rain, ...but always with an eye for those special sunny days.

sábado, 3 de outubro de 2009

O relógio da Natureza| The Nature watch

A escrever a partir de Bird Island, Geórgia do Sul (Antárctica)
Writing from Bird Island, South Georgia (Antarctic)

















(Albatroz de cabeça cinzenta Thalassarche chrysostoma a dizer-nos que já são horas...| Grey-headed albatross Thalassarche chrysostoma telling us that it is time...)

Qual é a relação entre os nossos magníficos, maravilhosos e saborosos pastéis de nata e as colónias de albatrozes? Sem dúvida, é a questão da atracção. Eu explico...




















(Pastéis de Nata numa esquina de uma pastelaria (das muitas) em Lisboa| Pastéis de Nata (Portuguese curtard tarts) on a street corner bakery in Lisbon; Photo by Helena. Obrigado!!)


Para mim, os pastéis de nata possuem todas as qualidades que algo doce deve ter. O aroma a baunilha que adoro (com segredo do senhor pasteleiro de certeza), aquela visão de ser suficientemente grande para te satisfazer e suficientemente pequeno para quereres comer outro a seguir.

















(Colónia de albatrozes de cabeça cinzenta Thalassarche chrysostoma no início de Setembro quase deserta| Grey-headed albatross Thalassarche chrysostoma colony in the beginnning of September almost empty)



E comer um pastel de nata é uma felicidade: o estalar do folhado crocante na primeira dentada (admito que o meu primeiro pastel de nata quando regressar vai directo sem dentadinhas como a experimentar se é bom), o sabor (hummm) e aquele cheirinho leve a canela...mas admito que o problema são as pastelarias de esquina. São autênticas armadilhas a quem quer ir trabalhar cedinho, principalmente quando libertam autênticos exércitos de sabores pelo ar num raio de centenas de metros, e não conseguimos resistir em comer um...e é aí que acho que as pastelarias são semelhantes às colónias dos albatrozes....é tudo uma questão de atracção!!





















(Albatroz de cabeça cinzenta Thalassarche chrysostoma acabado de chegar| Grey-headed albatross Thalassarche chrysostoma just after landing)


As colónias de albatrozes são como as pastelarias. Elas estão sempre lá e todos os anos atraem milhares de albatrozes a regressarem para se reproduzirem. É aí que conhecem o seu parceiro e que dão os seus primeiros passos para terem uma "família". Como estamos na Primavera, um dos primeiros sinais são o dos albatrozes de cabeça cinzenta Thalassarche chrysostoma. Só se reproduzem de 2 em 2 anos, acasalam para a vida e após se reproduzirem (entre agora e Maio), não se vêm por mais de um ano. Eles passam a maior parte da vida no mar, longe de terra, longe das suas "pastelarias"...
















(Albatrozes de cabeça cinzenta Thalassarche chrysostoma há 2 dias| Grey-headed albatrosses Thalassarche chrysostoma 2 days ago)


Por incrível que pareça, algo se sucede e é vê-los regressar prontos para acasalar novamente. Mas o mais espectacular de tudo isto, é quando chegam. É possível prever, em dias, quando eles começam a chegar. No fim de Agosto, com as colónias completamente desertas, era muito difícil imaginar albatrozes de cabeça cinzenta nas colónias mas, olhando para os dados, conseguiamos ver facilmente que dentro de 7 dias, os albatrozes de cabeça cinzenta comecariam a chegar...e assim foi!

















(Colónia de albatrozes de cabeça cinzenta Thalassarche chrysostoma ontem| Grey-headed albatross Thalassarche chrysostoma colony yesterday much busier than in early September)

E assim, ficamos cientificamente humildes em reconhecer que ainda conhecemos muito pouco estes animais, como se orientam no mar e principalmente, que relógio usam para saber que já é hora de voltar às suas colónias para se reproduzirem...isto num periodo de dias, sabendo que estiveram mais de um ano no alto mar....incrível!

Quando eu regressar, sei exactamante onde encontrar as pastelarias de esquina cheias de pastéis de nata, mas eu tenho GPS, mapas, sinais e um relógio que me orienta onde quer que eu esteja....estes nossos amigos albatrozes só precisam das suas asas...

What is the relationship between the amazing Portuguese curtard tarts (known as Pastéis de Nata) and the colonies of albatrosses? The answer is "both attract"...I explain...for me, Portuguese custard tarts have everything that a sweet (or anything similar to a cake) should have. It tastes amazing, and it is sufficiently big to makes it attractive and small enough to tease you to eat another one. Loads of bakeries, strategically located in streets corners, in Portugal have loads of these amazing tarts. The bakeries emit their amazing sweet smell into the air every morning, inviting you to have one. To a certain extent these bakeries are like albatross colonies. The albatross colonies attract each year thousands of albatrosses to breed. The colonies attract because it is there that an albatross will get a mate and spend a considerable time while breeding. Every year we see thousands of albatrosses arriving at Bird Island to breed. In early Spring, grey-headed albatrosses Thalassarche chrysostoma are some of the first to arrive. And it is incredible how their arrive within days every year. Like this, we humbly realize how little we still know about these amazing seabirds and which time of watch they use to know when to come back to Bird Island to breed. When I get back home, I know exactly where to find the amazing Portuguese custard tarts but I have directions support (e.g. maps, traffic signs) to guide me all the way...the albatrosses only have themselves...amazing!